sexta-feira, 30 de julho de 2010

Canhém babá canhém babá cum cum




Ainda me lembro de minha primeira aula dentro do universo daquilo que chamei de “pior” estética literária que já havia estudado ou observado, o Modernismo: comentei com um amigo, acho que era amiga, que antes “daquilo” ali, amava tudo que envolvia o universo literário; depois, era só desgosto, frustração. Sim, por um tempo reneguei o Drummond, o Vinicius, dentre outros que depois, entendi e compreendi, são gênios da escrita e merecem tal reconhecimento.
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Abominava a idéia de me desligar da boa forma, do bom verso, da rima intacta e requintada que estilos literários anteriores propunham. Parecia um extremo absurdo na minha cabeça pensar em um poema sendo construído com versos que possuíam sílabas poéticas diferentes umas das outras (verso 1: 8 sílabas, verso 2: 2 sílabas? Nem pensar!); concretismo? Não conseguia nem ao menos pensar sobre “aquilo” (Ainda hoje me redimo com o Gullar)





O Modernismo sempre me pareceu muito confuso, turvo, talvez por isso não gostasse. Tudo muito disperso o que me afastava ainda mais de um estado de ‘boa’ convivência com o estilo. A isso adicionei, ou melhor: fixei na cabeça que era culpa do Modernismo um fenômeno bem comum nos dias de hoje: todo mundo achar que é poeta e se entregar as rimas livres sem preocupação alguma.
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Felizmente, e hoje percebo isso claramente, consegui entender e compreender a proposta do Modernismo em literatura, sem equívocos e meias-verdades... é como se tivesse engolido e digerido muitíssimo bem a teoria; isso demanda reflexão e o abandono de algumas ‘certezas’ da vida. Difícil? Talvez, mas não impossível.
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Essa questão toda me fez lembrar também de um livro que li há pouco: sem rodeios e voltas, o principal na narrativa é que ela deixa uma lição de certa forma importante pro dia-a-dia: às vezes é preciso nos livrar de pesos do nosso passado que interferem na nossa vida presente. As coisas, as pessoas, as idéias evoluem... ficar preso a um passado não é bom (Falo da prisão, só! Saudosismo é bom e eu gosto, quase certo de que você também, né?)!
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Importante é, assim como faz o personagem principal do livro*: arrastarmos nossos quadros (que para o personagem era seu peso sua prisão ao passado) até a praia, acendermos uma fogueira e deixá-los queimar lá... depois, vamos embora sem nem olhar pra trás. Estaremos livres pra viver o presente, então.

*O livro em questão chama-se "A menina com a lagartixa", de Bernhard Schilink.



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Alessandro B.F.S (Filosofia, 2010.1)

Um comentário:

  1. Eu também lembro da nossa primeira aula sobre modernismo e lembro que naquela época, tu já era altamente parnasiano. Imagino que foi realmente difícil para você engolir todo aquele blá blá blá que eu, desde o começo, engoli fácil, fácil! rsrs

    Lussa, descessarário dizer que concordo com a lição do livro, afinal, prego isso a mim mesma a quase todo instante. Entretanto, gostaria de lembrar que nem sempre as cargas que jogamos fora para queimar, merecem ser queimadas - por piores e aparentemente desnecessárias que sejam - afinal, as lembranças mais amargas do nosso passado são, muitas vezes, as que mais nos ensinam a não cometer novos erros no futuro.

    Beijo, amigo.

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