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Abominava a idéia de me desligar da boa forma, do bom verso, da rima intacta e requintada que estilos literários anteriores propunham. Parecia um extremo absurdo na minha cabeça pensar em um poema sendo construído com versos que possuíam sílabas poéticas diferentes umas das outras (verso 1: 8 sílabas, verso 2: 2 sílabas? Nem pensar!); concretismo? Não conseguia nem ao menos pensar sobre “aquilo” (Ainda hoje me redimo com o Gullar)
O Modernismo sempre me pareceu muito confuso, turvo, talvez por isso não gostasse. Tudo muito disperso o que me afastava ainda mais de um estado de ‘boa’ convivência com o estilo. A isso adicionei, ou melhor: fixei na cabeça que era culpa do Modernismo um fenômeno bem comum nos dias de hoje: todo mundo achar que é poeta e se entregar as rimas livres sem preocupação alguma.
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Felizmente, e hoje percebo isso claramente, consegui entender e compreender a proposta do Modernismo em literatura, sem equívocos e meias-verdades... é como se tivesse engolido e digerido muitíssimo bem a teoria; isso demanda reflexão e o abandono de algumas ‘certezas’ da vida. Difícil? Talvez, mas não impossível.
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Essa questão toda me fez lembrar também de um livro que li há pouco: sem rodeios e voltas, o principal na narrativa é que ela deixa uma lição de certa forma importante pro dia-a-dia: às vezes é preciso nos livrar de pesos do nosso passado que interferem na nossa vida presente. As coisas, as pessoas, as idéias evoluem... ficar preso a um passado não é bom (Falo da prisão, só! Saudosismo é bom e eu gosto, quase certo de que você também, né?)!
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Importante é, assim como faz o personagem principal do livro*: arrastarmos nossos quadros (que para o personagem era seu peso sua prisão ao passado) até a praia, acendermos uma fogueira e deixá-los queimar lá... depois, vamos embora sem nem olhar pra trás. Estaremos livres pra viver o presente, então.
*O livro em questão chama-se "A menina com a lagartixa", de Bernhard Schilink.
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Alessandro B.F.S (Filosofia, 2010.1)
Eu também lembro da nossa primeira aula sobre modernismo e lembro que naquela época, tu já era altamente parnasiano. Imagino que foi realmente difícil para você engolir todo aquele blá blá blá que eu, desde o começo, engoli fácil, fácil! rsrs
ResponderExcluirLussa, descessarário dizer que concordo com a lição do livro, afinal, prego isso a mim mesma a quase todo instante. Entretanto, gostaria de lembrar que nem sempre as cargas que jogamos fora para queimar, merecem ser queimadas - por piores e aparentemente desnecessárias que sejam - afinal, as lembranças mais amargas do nosso passado são, muitas vezes, as que mais nos ensinam a não cometer novos erros no futuro.
Beijo, amigo.