quinta-feira, 8 de julho de 2010

Sobre a morte e o ser humano.

Estranho estar escrevendo algo; estranho e, de certo modo, surpreendente porque não escrevo há cerca de 2 anos (alguns que me lêem, certamente irão se opor a essa afirmação, mas me compreenderão, de fato (ao menos, espero), e é preciso dizer que minhas redações escolares e trabalhos acadêmicos (os realizados até agora) não, de fato, significam que escrevi: pra mim isso significa liberar sua poeticidade (em redações? Os professores de produção textual me matarão por isso, certamente), sua dramaticidade e, enfim, sua criatividade (novamente, me matarão os professores: cacofonia soa ruim, dizem eles!) e aqui que me pergunto: será que posso encontrar essas coisas em todos esses textos que produzi nesse período? Ah, sinceramente, não sei... não sei se neles imperam a forma, a habilidade técnica ou a criatividade, liberdade de escrita e não me importo: nesse momento me importa o presente, e porque não, o futuro.
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E é nesse embalo de ‘revival’ que decidi falar sobre a morte. Sim, sobre ela, a temida, a misteriosa, a incompreendida. E falo hoje da morte porque há motivo para isso: por esses dias morreu um amigo de alguns amigos meus (Sim, vocês entenderam certo: ele não era conhecido meu, nem mesmo amigo... na verdade, nunca nem o vi, de longe sequer), uma morte prematura, repentina e com o quê, não somente um quê, mas um erre, um esse, quem sabe até um tê, de inesperado, porque a gente nunca acha que alguém jovem, com saúde, vida e alegria possa morrer de uma hora pra outra: é normal, bem típico do ser humano.
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Essa morte tinha todos os motivos do mundo para significar nada pra mim e eu até esperava isso, afinal pra mim ele era um anônimo. No entanto, talvez mais do que eu pensei e mais do que sentiria se fosse alguém próximo a mim, eu senti (tchau, passado!) e sinto a morte dele e compartilho a mesma tristeza de seus amigos inconformados (é que quem perde alguém de quem gosta sabe a dor que sente, e eu já vivi isso, infelizmente)
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Perder alguém nunca é fácil, ainda mais se perdemos alguém de quem gostamos, por quem temos apreço, carinho, amor! A dor da perda é destruidora, é cruel; às vezes até achamos que não iremos superá-la (e alguns não conseguem mesmo) porque não perdemos pra outra pessoa, outro indivíduo: a morte é a perda pro desconhecido, pro ‘nunca mais’ pois não há mais volta quando suspiramos pela última vez, quando o coração bate, em seu ritmo frenético, pela última vez e quando não mais racionalizamos. É uma perda sem volta, sem reverso... Isso é a morte.
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É, escrevo sobre a morte, mas NÃO A COMPREENDO! Às vezes, ela se assemelha ao símbolo da justiça: é cega (cega para os que merecem e para aqueles que não), enfim, não entendo e já desisti disso há alguns pares de anos (rio ou choro por isso?). Contudo, por todos esses anos a morte me ensinou algumas coisas, algumas lições e nisso eu estabeleço minhas energias e meu foco hoje. Uma delas é a questão de viver o presente, o hoje, porque (me perdoem o clichê) quem vive de passado é museu... e poeira causa alergia.
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Aprendi, ou pelo menos penso que aprendi (é que às vezes sinto por não manter o foco no agora) que viver o presente, na esmagadora maioria dos casos, é o que importa, porque somente o presente é que podemos modificar, recriar e reinventar: o presente é a concretização do real. E nesse ponto, valorizar quem amamos (amigos, família, pessoas, indivíduos) é fundamental porque somos seres humanos, necessitamos disso e, convenhamos, é tão bom, é tão gostoso. 1 segundo passa e puft! Podemos não mais ter quem gostamos ao nosso lado e se não os valorizamos, o que fica? O arrependimento, a angústia, a dor? É triste, é doloroso, corrói por dentro (e eu, novamente, já senti isso).
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Sem demoras e meia-voltas, porque também sou leitor e devo estar lhe angustiando, a morte, apesar de ter várias facetas que nem sempre nos agradam, tem da mesma forma, coisas e lições a nos ensinar. Coisas que nos ajudam com a dor da perda, com o sofrimento. Portanto... ame, sorria, veja o pôr-do-sol, diga “Eu te amo”, se inspire, VIVA! Porque, viver bem e feliz é a melhor coisa que há: depois da morte... bem, depois da morte, nada se sabe e tudo é incerto.
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Alessandro B.F.S - Filosofia 2010.1
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2 comentários:

  1. Lussa, sempre me surpreendendo. Ou melhor, nem me surpreendo mais! Já estou careca de saber que você é um gêniozinho! (sem piadas a respeito da minha falta de cabelo.)

    Quero destacar duas partes do seu texto:

    1. "(...Os professores de produção textual me matarão por isso, certamente), sua dramaticidade e, enfim, sua criatividade."
    Já estou ouvindo Maura gritar 'Olha o ECOOO!!!'
    rsrs

    2. "Portanto... ame, sorria, veja o pôr-do-sol, diga “Eu te amo”, se inspire, VIVA!"

    Conheço alguém que fica roxo pra falar um mísero 'gosto de você', será que este mesmo conhecido é capaz de falar um grande e sonoro EU TE AMO?

    Espero de verdade que sim, porque você tem toda razão.

    Um beijo, amigo. Nos encontramos por aí (Isto se a morte não chegar primeiro que eu.....) Humor negro. \o

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  2. é bom falar sobre a morte...
    afinal é a certeza mais certa dessa vida..

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