terça-feira, 21 de setembro de 2010
Cana de açúcar(Poema antiaçucarado)
Foi trabalhar nos canaviais de São Paulo
Mas ele vai voltar, vai sim
O guará deixou a mulher grávida de 6 meses
E mais três pequenos
Mas ele vai voltar, vai não
O guará tá ficando mais corado do que já era
Pega sol demais, usa boné na cabeça
Que os raios solares sem fazer esforço
Mas ele vai voltar, vai?
O guará desmaiou de tanto trabalhar
Desmaiou de tanta dor de cabeça
Morreu de tanto trabalhar, morreu lá mesmo
Em cima das toneladas de cana que cortara durante todo dia.
MAS ELE NÃO VAI VOLTAR MAIS.
A mulher ficou viúva
Os pequenos órfãos
O guará voou, perdeu a cor, perdeu a vontade de viver
Ele até tentou voltar
Mas as asas estavam cansadas, não só as asas
E foi isso que o levou a óbito+
*MA
+SP
#Aurélio Ramalho - Aluno do 2°período de filosofia da UFMA
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
sexta-feira, 30 de julho de 2010
Canhém babá canhém babá cum cum
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Abominava a idéia de me desligar da boa forma, do bom verso, da rima intacta e requintada que estilos literários anteriores propunham. Parecia um extremo absurdo na minha cabeça pensar em um poema sendo construído com versos que possuíam sílabas poéticas diferentes umas das outras (verso 1: 8 sílabas, verso 2: 2 sílabas? Nem pensar!); concretismo? Não conseguia nem ao menos pensar sobre “aquilo” (Ainda hoje me redimo com o Gullar)
O Modernismo sempre me pareceu muito confuso, turvo, talvez por isso não gostasse. Tudo muito disperso o que me afastava ainda mais de um estado de ‘boa’ convivência com o estilo. A isso adicionei, ou melhor: fixei na cabeça que era culpa do Modernismo um fenômeno bem comum nos dias de hoje: todo mundo achar que é poeta e se entregar as rimas livres sem preocupação alguma.
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Felizmente, e hoje percebo isso claramente, consegui entender e compreender a proposta do Modernismo em literatura, sem equívocos e meias-verdades... é como se tivesse engolido e digerido muitíssimo bem a teoria; isso demanda reflexão e o abandono de algumas ‘certezas’ da vida. Difícil? Talvez, mas não impossível.
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Essa questão toda me fez lembrar também de um livro que li há pouco: sem rodeios e voltas, o principal na narrativa é que ela deixa uma lição de certa forma importante pro dia-a-dia: às vezes é preciso nos livrar de pesos do nosso passado que interferem na nossa vida presente. As coisas, as pessoas, as idéias evoluem... ficar preso a um passado não é bom (Falo da prisão, só! Saudosismo é bom e eu gosto, quase certo de que você também, né?)!
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Importante é, assim como faz o personagem principal do livro*: arrastarmos nossos quadros (que para o personagem era seu peso sua prisão ao passado) até a praia, acendermos uma fogueira e deixá-los queimar lá... depois, vamos embora sem nem olhar pra trás. Estaremos livres pra viver o presente, então.
*O livro em questão chama-se "A menina com a lagartixa", de Bernhard Schilink.
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Alessandro B.F.S (Filosofia, 2010.1)
quinta-feira, 8 de julho de 2010
Sobre a morte e o ser humano.
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E é nesse embalo de ‘revival’ que decidi falar sobre a morte. Sim, sobre ela, a temida, a misteriosa, a incompreendida. E falo hoje da morte porque há motivo para isso: por esses dias morreu um amigo de alguns amigos meus (Sim, vocês entenderam certo: ele não era conhecido meu, nem mesmo amigo... na verdade, nunca nem o vi, de longe sequer), uma morte prematura, repentina e com o quê, não somente um quê, mas um erre, um esse, quem sabe até um tê, de inesperado, porque a gente nunca acha que alguém jovem, com saúde, vida e alegria possa morrer de uma hora pra outra: é normal, bem típico do ser humano.
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Essa morte tinha todos os motivos do mundo para significar nada pra mim e eu até esperava isso, afinal pra mim ele era um anônimo. No entanto, talvez mais do que eu pensei e mais do que sentiria se fosse alguém próximo a mim, eu senti (tchau, passado!) e sinto a morte dele e compartilho a mesma tristeza de seus amigos inconformados (é que quem perde alguém de quem gosta sabe a dor que sente, e eu já vivi isso, infelizmente)
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Perder alguém nunca é fácil, ainda mais se perdemos alguém de quem gostamos, por quem temos apreço, carinho, amor! A dor da perda é destruidora, é cruel; às vezes até achamos que não iremos superá-la (e alguns não conseguem mesmo) porque não perdemos pra outra pessoa, outro indivíduo: a morte é a perda pro desconhecido, pro ‘nunca mais’ pois não há mais volta quando suspiramos pela última vez, quando o coração bate, em seu ritmo frenético, pela última vez e quando não mais racionalizamos. É uma perda sem volta, sem reverso... Isso é a morte.
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É, escrevo sobre a morte, mas NÃO A COMPREENDO! Às vezes, ela se assemelha ao símbolo da justiça: é cega (cega para os que merecem e para aqueles que não), enfim, não entendo e já desisti disso há alguns pares de anos (rio ou choro por isso?). Contudo, por todos esses anos a morte me ensinou algumas coisas, algumas lições e nisso eu estabeleço minhas energias e meu foco hoje. Uma delas é a questão de viver o presente, o hoje, porque (me perdoem o clichê) quem vive de passado é museu... e poeira causa alergia.
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Aprendi, ou pelo menos penso que aprendi (é que às vezes sinto por não manter o foco no agora) que viver o presente, na esmagadora maioria dos casos, é o que importa, porque somente o presente é que podemos modificar, recriar e reinventar: o presente é a concretização do real. E nesse ponto, valorizar quem amamos (amigos, família, pessoas, indivíduos) é fundamental porque somos seres humanos, necessitamos disso e, convenhamos, é tão bom, é tão gostoso. 1 segundo passa e puft! Podemos não mais ter quem gostamos ao nosso lado e se não os valorizamos, o que fica? O arrependimento, a angústia, a dor? É triste, é doloroso, corrói por dentro (e eu, novamente, já senti isso).
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Sem demoras e meia-voltas, porque também sou leitor e devo estar lhe angustiando, a morte, apesar de ter várias facetas que nem sempre nos agradam, tem da mesma forma, coisas e lições a nos ensinar. Coisas que nos ajudam com a dor da perda, com o sofrimento. Portanto... ame, sorria, veja o pôr-do-sol, diga “Eu te amo”, se inspire, VIVA! Porque, viver bem e feliz é a melhor coisa que há: depois da morte... bem, depois da morte, nada se sabe e tudo é incerto.
sexta-feira, 18 de junho de 2010
LUTO POR SARAMAGO
Livros: Ensaio sobre a cegueira, O Evangelho segundo Jesus Cristo, O conto da ilha desconhecida, entre outros.
sábado, 5 de junho de 2010
Ordem e Progresso: espelhos da decadência.
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O Brasil é um país que tem a origem meio duvidosa, cercada de mios e de contradições. A História prova a nossa tradição na bandidagem, na corrupção e na má conduta e, apesar de todas essas constatações, nada de muito concreto tem sido feito e o pior: o povo continua estagnado e preso a concepções deterministas de que todo esforço que se ponha em prática será nulo.
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Poderíamos nos mobilizar e lutar por mudanças no sistema educacional, na saúde pública, no modo de se fazer política e porque não, no meio social como um todo. Porém, é mais fácil crermos que sonhos são inatingíveis e acreditarmos que do jeito que as coisas estão, está tudo bem. Outro engano, já que nenhuma sociedade deve permanecer na desordem, anulando-se enquanto agente ativa e modificadora.
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E é em clima de desordem e estagnação das massas sociais que avançamos mais e mais para o progresso total e, seguindo essa progressão, não é de se estranhar que nada será feito em relação à bagunça que se instalou no país. Portanto, é ao som de vibrantes enredos de samba e ao sabor de rodadas indigestas de pizzas que caminhamos, todos de mãos dadas, ao nosso futuro brilhante, que pouco difere da vala; já que, talvez, nunca deixaremos de ser o famoso país do carnaval.
domingo, 25 de abril de 2010
Sobre a família e seus novos arranjos
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Para ser dito como grupo social, há de se ter um conjunto de características que o caracterizem como tal e, em relação à família, é preciso salientar que ao longo da história ela vem se transformando e se modificando para sustentar sua própria estrutura, logo novas configurações familiares são criadas, cabendo a nós entendermos e, se possível, aceitarmos esses novos arranjos, para que a estrutura social flua de forma sadia, como um todo.
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Uma dessas mudanças é o surgimento de arranjos familiares de caráter homossexual, que ainda é algo complicado de se discutir e aceitar, porque somos uma sociedade de preconceitos velados; pior que isso, somos uma sociedade que muitas vezes age com uma mentalidade tacanha e retrógrada. E dizem que vivemos o pós-modernismo.
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Não obstante todas essas transformações é comum vermos, cada dia com mais freqüência, famílias que têm sua estrutura invertida, se analisarmos os padrões comportamentais que nos são impostos, e sendo assim: o homem torna-se o dono-de-casa e a mulher, a principal fonte de renda da família. Isso não é, em todos os aspectos, ruim, porque de certa forma transforma, de forma positiva, o imaginário que cerca o papel da mulher na sociedade. Entretanto, é preciso cuidado, afinal ainda vivemos em uma sociedade descaradamente machista.
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Assim, família é muito mais que uma relação de consangüinidade e hereditariedade entre pessoas. Pensar dessa forma é ser simplista, reducionista e, até mesmo, preconceituoso, porque família é algo que vai muito mais além e deve ser entendida enquanto grupo social e unidade fundamental para que se tenha uma sociedade organizada e sólida, cumprindo, ela, o papel que há séculos vem desenvolvendo que é o da educação e formação básica de valores éticos e morais nos cidadãos que dela originam-se.
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Por: Alessandro, 2010.1, Filosofia.
sábado, 24 de abril de 2010
Como diria Feuerbach
Como diria Feuerbach
Foi o homem que criou Deus
Foi o homem que com um sopro
Criou as favelas, a corrupção, os escândalos, a desigualdade...
Como diria Feurbach
Foi o homem que criou Deus
Foi o homem que cegou a justiça
Que graduou, mestrou, doutorou os ministros do STF
Que escravizou os negros inocentes, que não indenizou as famílias
Dos castigados na revolta da Chibata
Que traiu o verbo que virou carne
Que abandonou os heróis
Que aprisionou as mulheres(e que ainda aprisionam)
Com seus machismos imbecis
Que dedurou os guerrilheiros de toda a América Latina nas ditaduras
Do século passado.
Como diria Feuerbach
Foi o homem que criou Deus
Foi o homem que criou escolher seus opressores
De 4 em 4 anos**
Que criou as oligarquias, que construiu as mansões
Em búzios, Costa do Sauípe, Barreirinhas
Que afastou os menos favorecidos para os morros
que hoje com as chuvas fortes os barracos
Deslizam como se fosse no cinema.
Como diria Feuerbach
Foi o homem que criou Deus
Se foi mesmo o homem que criou Deus
Foi a única coisa de bom
Porque o resto só estressa, agonia, arrelia, angustia
O resto só foi M...
* É aluno do primeiro período do curso de Filosofia da UFMA
**Frase retirada de uma aula do Ilmo. Prof. Dr. Baltazar Macaíba de Sousa